Mês do orgulho LGBTQIAP+ e diversidade no mercado de trabalho.

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Imagine que seu nome é Fernanda e você namora a Cecília há 2 anos. Você acabou de começar um emprego novo, é a semana do Dia dos Namorados e seus colegas estão conversando sobre a data e contando o que irão fazer. Até que alguém te pergunta sobre seus planos e você fica dividida entre afirmar que tem uma namorada, contar os planos como se fosse com um namorado mesmo ou tentar disfarçar e fugir do assunto. 

Falar sobre orientação sexual ou sobre o gênero com o qual se identifica no ambiente de trabalho ainda é um desafio para muitas pessoas. Existe o medo de ser excluído (a), de como o chefe lida com a diversidade na prática e até de ser demitido (a).

Esse receio não é à toa. Um estudo no LinkedIn afirma que 35% dos entrevistados LGBTQIAP+  já sofreram algum tipo de discriminação velada ou direta no ambiente de trabalho. E, ainda que tenham ocorrido muitas conquistas em relação aos direitos da comunidade LGBTQIAP+, elas são muito recentes e o preconceito não se restringe apenas à área profissional.

Foi só em 1990 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de Classificação Internacional de Doeças. Já a transexualidade deixou de ser considerada doença apenas em 2018. Para quem não é LGBTQIAP+: já imaginou ver a maneira como você ama e quem você é ser visto como patologia por tanto tempo? 

Por que o Mês do Orgulho LGBTQIAP+ é importante?

Estar dentro de um grupo visto como padrão coloca o indivíduo em uma posição de privilégio e quem ela é não gera dúvidas ou estranheza. Pessoas LGBTQIAP+ ao longo dos anos precisaram conquistar direitos básicos que já eram uma realidade para pessoas heterossexuais e cisgêneras. E, na verdade, vários desses direitos ainda são negados em muitos lugares.

Junho é o mês escolhido para lembrar essas lutas e celebrar as conquistas desta comunidade. Isso devido a comemoração de 28 de junho, que em 1969 foi o dia no qual frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, se rebelaram contra a violência policial constantemente sofrida pela comunidade LGBTQIAP+. 

É necessário compreender a importância que tem as pessoas LGBTQIAP+ se sentirem orgulhosas de fazerem parte desse grupo. Orgulho de existir, resistir, amar e se manter forte diante de todos os ataques sofridos ao longo dos anos e que ainda são vistos diariamente em forma de assédio moral, agressão física e até morte..

Diversidade no mercado de trabalho

Você provavelmente viu várias empresas fazendo inúmeras postagens sobre o Mês do Orgulho LGBTQIAP+. Muitas delas alteraram seus logos incluindo a bandeira do arco-íris e mostrando apoio à comunidade. Mas na realidade, o mercado de trabalho ainda precisa melhorar muito para se tornar acolhedor para a diversidade (e não apenas sexual).

É claro que as principais vítimas são as pessoas LGBTQIAP+, mas você sabia que empresas com representatividade e cargos de liderança pautados na diversidade tendem a se sair melhor que outras companhias?  Um grupo diverso é capaz de ter uma performance 61% melhor que empresas não diversas.

Isso porque uma empresa formada por pessoas diferentes consegue atender um público mais diverso, aumentando seu faturamento. Além disso, o contato com pessoas diferentes estimula os funcionários a ampliar suas visões de mundo e de mercado. Outro ponto interessante é que pessoas LGBTQIAP+ geralmente são mais empáticas, uma característica importante na formação de bons líderes. 

Tornar a sua empresa um ambiente acolhedor para pessoas LGBTQIAP+ só traz benefícios para você, para a equipe e, claro, para a comunidade. Você já pensou em quantos talentos foram perdidos porque um empregador decidiu que a orientação sexual ou identidade de gênero de alguém não se encaixava na empresa?

Tornar a sua empresa um lugar que respeita a diversidade não é difícil. Para começar, é necessário reconhecer seus próprios preconceitos. Inclusive, isso pode ser pauta de treinamentos e ações de engajamento, levando a equipe a debater o assunto. Outro passo simples que pode ser dado por todos da empresa é excluir expressões preconceituosas do vocabulário. Também é importante criar um ambiente seguro e acolhedor, traçando estratégias para, em caso de uma atitude homofóbica ou transfóbica, respeitar a vítima e repreender o ato. 

Pessoas LGBTQIAP+ não precisam se encaixar, a nossa existência é real e válida. Assim como todos os outros indivíduos, estamos em todos os lugares, afinal, vivemos em sociedade. Excluir quem pertence a essa comunidade do âmbito profissional é decidir que essa pessoa não é capaz de exercer seu trabalho e isso não passa de preconceito.

Vivenciar e entender todas essas questões me fez querer lutar para que pessoas LGBTQIAP+ tenham seu espaço no mercado de trabalho. Esse é um dos pilares da InfoPreta e é algo que defendo todo dia. Quem somos, a maneira como nos vemos ou quem amamos não tem a ver com nossa capacidade de ser ótimos profissionais. São apenas alguns dos detalhes que nos formam e são naturais, assim como vários outros. 

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