Para onde vai o dinheiro que você investe?
Olhe ao seu redor. Você costuma consumir produtos de pessoas pretas? Se a resposta for não, você sabia que de acordo com dados da Small Business Administration (SBA), no Brasil, os empresários negros têm o seu pedido de crédito negado três vezes mais do que os empreendedores brancos? sem falar nos 40% de diferença – em média, R$ 1,2 mil a menos – entre a renda de ambos os grupos. Com base nisso, tenho propriedade para dizer: não tá fácil pra ninguém!
Em contrapartida, como a maior parte da população, nós estamos quebrando os padrões e movimentando grande parte da economia, ocupando um pouco mais da metade da porcentagem geral dos empreendedores ao redor do Brasil.
Imagem: Estatísticas da Desigualdade (https://movimentoblackmoney.com.br/)
Entendo que empreender é investir o máximo do máximo e ir além dos benefícios próprios, preocupando-se com o bem estar de quem está comprando, com o retorno final e a satisfação de ambas as partes.
Sabendo da importância de ser visto, no início da InfoPreta, senti muita falta de um apoio. Por isso, além de tentar consumir ao máximo, quando possível, ofereço mentoria e estou disposto a ajudar no que for preciso. Como empreendedor negro, procuro investir e estar sempre perto, principalmente quando se trata de pequenos empreendedores.
Algo que chama muito a nossa atenção, é que a maioria das pessoas que procuram os serviços da InfoPreta, dizem que buscam justamente por ser uma empresa feita por pessoas negras, o que nos traz a sensação de dever cumprido por estar representando o nosso povo em um espaço tão acirrado como o da tecnologia.
Black Money x Pink Money: entenda a diferença
Muita gente nem imagina, mas, enquanto o Black Money, estimula a valorização do pertencimento social, conectando pessoas negras de diferentes profissões como forma de potencializar seus empreendimentos e fortalecer a circulação de recursos financeiros entre a comunidade; o termo Pink Money, é utilizado como forma de representar o poder de compra da comunidade LGBTQIAP+, porém, muitas vezes, o discurso de inclusão usado como forma de conquistar esse público é feito apenas para fins lucrativos, podendo até ser considerado ofensivo, em comparação com as oportunidades e atitudes apresentadas por grandes empresas.
Pessoas que se identificam com a população LGBTQIAP+ são mais inclinadas a consumir de uma empresa ao saberem que ela tem um cuidado na hora de pensar em ações voltadas para esse grupo. Quando falamos em Pink Money, surge também o termo Pinkwashing, expressão que se dá à apropriação de uma luta de libertação e inclusão para se autopromover, sem uma preocupação real com o movimento. Durante o mês de junho, conhecido por ser o mês do orgulho LGBTQIAP+, é o período no qual acontece com muita frequência e nos faz revirar os olhos.
De modo geral, podemos definir o Pink Money como um termo positivo que abraça e oferece voz e visibilidade para o público LGBTQAP+. Já o Pinkwashing, pode ser definido como uma versão irresponsável do Pink Money, por exemplo, quando uma empresa não se posiciona, é a favor de líderes políticos que demonizam a causa, não possuem pessoas do grupo LGBTQAP+ em seu quadro de funcionários e, como forma de faturar mais vendas, se utiliza do movimento em momentos oportunos, ela está praticando o Pinkwashing para ganhar Pink Money.
Para passar longe disso, além de colocar pessoas LGBTQAP+ à frente do discurso da diversidade, é necessário construir conexões reais a fim de entender que esse público é muito mais que uma campanha lucrativa e sim, pessoas em busca do seu direito de existir e de serem representadas. É uma causa que vai muito além do mês de junho e de uma bandeira colorida.
Feira Preta
Ontem, um brechó, hoje, o maior evento de cultura negra da América Latina. Idealizado por Adriana Barbosa, o Festival Feira Preta resiste desde 2002 e atualmente, além de atuar como um festival de conteúdos, produtos e serviços que representam o que há de mais inovador na criatividade preta, também atua como acelerador do empreendedorismo negro.
Pronto para dar grandes passos, esse movimento acontece através do Marketplace Feira Preta, lançado no dia 13 de maio de 2021, em comemoração aos 133 anos da abolição da escravidão no Brasil.
A seguir, conheça alguns empreendimentos lideradas por pessoas pretas que, sem dúvida, irão te ajudar de alguma forma:
Preta HUB: Entre tantos projetos potentes, um HUB de inventividade, criatividade e tendências pretas, promovendo o desenvolvimento social e econômico da comunidade.
Instituto Guetto: Uma instituição sem fins lucrativos que desenvolve Pesquisa e Indicadores e Gerencia Projetos, Consultorias e Treinamento nas áreas de Educação, Direitos Humanos e Capacitação Profissional, com vias a combater as iniquidades raciais e de gênero no ambiente institucional.
Alma Preta: Uma agência de jornalismo especializada na temática racial com o objetivo de construir um novo formato de gestão de processos, pessoas e recursos através do jornalismo qualificado e independente.
Diver.SSA: Uma iniciativa focada em fomentar o empreendedorismo feminino de impacto social no Norte/Nordeste. Toda a sua abordagem e metodologia de trabalho considera os mais diversos perfis femininos, feminilidades, contextos interculturais e vulnerabilidades sociais.
Desabafo Social: Um laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, comunicação e educação.
Turbante-se: Um projeto e marca de arte-ativismo que pesquisa e compartilha a história, os significados e as formas de fazer head wraps e turbantes com base na diáspora afro-atlântica.
Loja Aneesa: Quem nunca teve o sonho de ter uma boneca preta sendo realizado? Um e-commerce especializado em boneca preta, trazendo empoderamento e representatividade desde a primeira infância.
*Colaborou Júlia Macedo, Jornalista e Planner da InfoPreta
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